Exmo. Senhor Presidente da Assembleia Municipal de Portalegre
Exmos. Membros da Assembleia Municipal
Exma. Senhora Presidente da Camara Municipal de Portalegre
Exmos. Vereadores
Exmos. Presidentes de Junta de Freguesia
Convidados
Portalegrenses
Comemoramos, hoje, mais um aniversário do 25 de Abril, e queremos manter vivo o real significado da revolução dos cravos e como a mesma influenciou a nossa existência e convivência social.
Não devemos esquecer os tempos tristes e cinzentos do passado. Portugal travava uma guerra injusta. As mulheres não tinham direito de voto e ganhavam menos que os homens. Existia a censura, os presos políticos e a tortura. Ter opinião era proibido e todos aqueles que a manifestavam eram perseguidos. A taxa de analfabetismo rondava os 33%. O direito à educação, à saúde e à proteção social não eram universais.
Podemos e devemos, hoje, recordar algumas das conquistas de Abril.
Foi implementado o serviço nacional de saúde, generalizando o acesso a cuidados de saúde que se tornaram universais e próximos das populações, e reduzindo-se as enormes taxas de mortalidade infantil.
Desenvolveram-se direitos do trabalho, foram generalizados subsídios de férias e de Natal, foram criados mecanismos de proteção no desemprego.
O poder local afirmou-se, levando ao desenvolvimento de um país marcado pelas desigualdades regionais.
A democracia local revelou-se propiciadora de desenvolvimento social, cultural e económico.
Se a preservação da memória coletiva em relação à nossa história é uma obrigação por parte dos intervenientes políticos do nosso regime democrático, também é verdade que muitas vezes parecem esquece-la.
Na situação política, económica, financeira e sobretudo social que vivemos, ganha nova importância a mensagem de esperança e luta por um futuro melhor que o 25 de Abril representou.
Hoje é cada vez mais comum pensarmos nos interesses económicos instrumentalizando a vida humana como uma mera ferramenta e de pouca importância quando comparada a siglas ou expressões como o PIB, a Dívida Soberana, o BCE, o Sistema Monetário Mundial ou o próprio EURO.
Mas recordar essas conquistas, e defender os ideais de Abril, não se pode limitar a todos os anos, pela mesma altura, subirmos a um palco e perante uma plateia, repetir chavões, expressões, gritar VIVAS.
Estas foram conquistas coletivas!
O 25 de Abril é o momento de celebrar a democracia e a liberdade.
E celebrar a democracia e a liberdade é também prestar homenagem a todos quantos têm contribuído para consolidar, enraizar e aperfeiçoar a vida democrática.
Comemorar Abril é celebrar todos nós, portugueses, que a fazemos, dia a dia, com ou sem cravo na lapela.
A democracia tem de garantir a cada nova geração a possibilidade de decidir o seu próprio destino. Uma democracia que não deixe liberdade de escolha às gerações futuras não é, não será nunca, uma democracia.
Apesar de todas as dificuldades estamos a sair de uma pandemia que durou ano e meio e se não formos capazes de dar provas de solidariedade corremos o risco de agravar desigualdades sociais. É fundamental proteger, não só os sectores vitais da nossa economia como também os nossos ativos, tecnologia e infraestruturas e mais importante proteger o emprego e os trabalhadores.
Não podemos permitir que os governantes subvertam o voto popular. Que nenhum homem, mesmo eleito democraticamente, deixe que a especulação financeira nos tire a dignidade humana e nos troque por limites macroeconómicos.
Vivemos uma guerra na Europa que já matou centenas de pessoas, sobretudo civis, que já destruiu várias cidades, vilas e aldeias e que causou a maior vaga de refugiados desde a II Guerra Mundial.
Se a vida humana não tem preço, então a dignidade social de um povo também não pode ter.
As garantias sociais tem de corresponder à integração política e à convergência orçamental.
A política é sempre um desafio que é feito por escolhas e ações. Mas deve ser sempre feita com audácia e humildade.
Cumpre-se o 25 de abril quando se decide, quando se participa, dando ideias e sugestões e quando existe humildade democrática para as aceitar.
Abril fez-nos a todos donos do nosso destino.
Os grupos de cidadãos independentes não podem ser vistos como ameaça, porque o não são.
São sim, mais uma conquista de abril, um acrescento legítimo e necessário ao crescimento do tecido democrático no nosso país, um convite à participação cívica fora da esfera partidária.
Para a nossa geração, celebrar Abril e fazer democracia é justamente denunciar, num tempo de letargia cívica e de anestesia cidadã, sem medos, com serenidade e com exigência, os novos perigos e ameaças para a liberdade dos cidadãos.
Vivam os ideais de Abril.
Por Maria Conceição Miranda, 25/04/2022
Os nossos agradecimentos pela partilha deste texto e por nos ter representado tão dignamente neste dia tão importante para todos os Portalegrenses.